data-filename="retriever" style="width: 100%;">Hoje vou abordar dois acontecimentos que me afetaram positivamente na última semana. O primeiro diz respeito as cartinhas enviadas ao Papai Noel. Assisti, emocionada, ao pedido de um menino que gostaria de ganhar um saco de milho para o seu cavalo e uma coleção de bolitas. A professora que foi incumbida de entregar a missiva para o bom velhinho, ao compartilhar a mensagem nas redes sociais, recebeu infinitas respostas solidárias. Em uma época que a gurizada só quer saber do último modelo de celular ou de um computador ultramoderno, esse pedido soa até como uma esperança de dias melhores.
A segunda foi o recebimento, por meio de um grupo de internet, da seguinte nota: "você tem uma bolsa usada que não quer mais? Então coloque dentro dela sabonete, creme dental, absorvente, batom, pente e o que você puder doar. Quando encontrar uma mulher carente na rua, dê para ela de presente. Esta é a campanha Maria Bonita no Natal. Compartilhe para chegar a muitas mulheres". Imediatamente distribuí o recado para muitas amigas. Ao mesmo tempo, preenchi uma bolsa com tudo que imaginei que uma mulher gostaria de ganhar. Algo que trouxesse um pouco de alegria e ajudasse ela a ter forças para se livrar do que lhe faz mal. Com as notícias do aumento de situações de violência contra as mulheres, considerei mais uma possibilidade de praticar o amor em todos os tempos verbais.
Impulsionada por esses dois fatos, sonhei que as pessoas foram banhadas de ternura e que tudo serenou. Crescia no povo o desejo, imenso, de que o amor extravasasse por todos os lados. Repentinamente os opostos saberiam conversar educadamente e respeito, empatia e irmandade seriam dons naturais.
Entretanto, para um sonho de Natal se concretizar, creio que gestos caridosos só nesse período, não bastariam. Realizar campanhas piedosas, auxiliando pessoas e entidades são úteis, mas quando no fundo (ou no raso), concordamos que só quem é penteado e cheiroso pode acessar o sistema de educação, não combina. Não apoiar os professores que estão com dificuldades para deixar um presentinho embaixo da árvore, pois os salários, além de irrisórios, estão atrasados, não condiz com um ser misericordioso.
Acreditar que crianças pobres estão nessa condição porque não souberam economizar é, no mínimo, ridículo. Quando sequer damos um oi ou um sorriso para quem varre as ruas da nossa cidade, expõe quem você é de verdade. Então, aproveite o período e reflita sobre como está sendo afetado ultimamente. E, por favor, mesmo que sobre pouco para os regalos, tenha bom gosto. Não compre em lojas que criticam nossos moradores e nossas universidades. Com o desejo que o espírito de Natal nos toque profundamente, receba um fraterno abraço.